quarta-feira, 25 de junho de 2008

Até que ponto é preciso conhecer tudo o que é "Cinema" para o fazer?

No final do ano de 2007, tive o prazer de usufruir de algumas horas na companhia de um grande realizador, de seu nome, Kamran Shirdel. Quem lê o nome possivelmente pensará que até é um qualquer e insignificante realizador, mas na verdade é tão grande ou de maior qualidade moral que um tal compatriota de nome Abbas Kiarostami.

Kamran Shirdel, estudou arquitectura e urbanismo em Itália e lá concluiu os estudos em Cinema. Estudou com Bertolucci e aprendeu com Antonioni, só para citar alguns. É um realizador da dita "Vaga" Iraniana, não diz que é o primeiro, porque o primeiro é uma mulher, mas afirma que não é só Kiarostami.

Em amena conversa admite que nunca viu Oliveira, Pedro Costa e muito menos Mallick, Scorsese ou Michael Mann. Mas viveu em Itália, numa época de convulsões, sociais e desde logo artísticas... tal como o seu país ainda hoje vive.

Filma o que vive, numa espécie de cinema-verité adornado por um lado poético, sem se render ao estado opressor, o qual, vai contornando filmando em algumas horas antes que a polícia chegue. Não filma a favor do Estado Iraniano, filme o que quer.

No final, sem ver (apenas conhece o nome) de Oliveira, Pedro Costa, Scorsese, Malick e muitos por aí fora, "The Night It Rained" é na opinião de alguns um dos melhores documentários da História do Cinema.

Um dia recebeu um telefonema, do outro lado falaram-lhe em francês, era Jean Michel Frodon~, e nem esse Kamran Shirdel conhecia.

Afinal para fazer Cinema, não se tem que conhecer tudo o que é Cinema, basta viver.




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