segunda-feira, 30 de junho de 2008

Death Valley - Planície Alentejana

Em boa verdade até é possível conceber uma ponte entre "Zabrieski Point" e "Body Rice".
Mas nem Vieira da Silva é Antonioni, nem qualquer planície alentejana é Death Valley.
A terra e a poeira até podem ser da mesma família.
Mas isto será necessário para uma análise a "Body Rice" e à sua inserção numa "história" do cinema português?

domingo, 29 de junho de 2008

Jean Seberg

Aqui também jaz Jean Seberg.


(...)"Tive encontros com ela no meu quarto, em casa dela ou num café.
Eu observava pela janela a neve que caía no pátio.
Fiz um filme com a Jean.Filmava o rosto dela.
Às vezes a Jean chorava. Eu ficava parado por trás da câmara.
A Jean era actriz do Actor's Studio e improvisava psicodramas.
Eu filmava apenas o rosto dela, tornando assim secretas as condições da filmagem.
Quando acabei esse retrato entreguei à Jean uma primeira montagem do filme dela, e ela gostou muito. A Jean já tinha rodado muitos filmes, mas dava-lhe prazer ter um filme que lhe era inteiramente dedicado. No fundo nesse filme via-se a alma dela, que era muito bonita.

A Jean escreveu um argumento: «E agora já posso falar da Aurélia». Também escreveu poemas que vieram a ser publicados. Ela identificava-se cada vez mais com a Aurélia de Nerval, que ela queria representar à maneira moderna, e com Joana de Arc porque ela tinha interpretado a Joana de Arc dos Americanos.

A Jean teve uma depressão nervosa. Foi internada num hospital. Os electrochoques qye a obrigaram a suportar tiveram consequências trágicas.

Eu estava a regressar a pé dos laboratórios de cinema que ficavam nos subúrbios. Vinha a caminhar ao longo do rio. Era o fim do Verão. Alguns pescadores perfilavam-se em contraste com o sol que se estava a pôr.
Atravessei a feira da ladra pela Porta de Clignancourt, tinha acabado um filme novo e exultava de felecidade por me ter libertado dele. E de repente, por acaso, deparo com uma foto de Jean na primeira página de um vespertino que estava no passeio. «Jean Seberg suicidou-se»"


excerto, de "Jean Seberg" por Philippe Garrel , in "Journal d'un cinéaste" (1984)"




Um diário. Uma narrativa em silêncio interior.

Tal como os filmes

Por aqui jaz Jacques Demy...

MONTPARNASSE - Paris - França

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Europa VS. Hollywood

Como fazer um filme de Michelle Haneke estrear nos multiplexes?
Muito simples. Correr para Hollywood e deixar-se levar pela máquina industrial.


Europa


Hollywood

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Até que ponto é preciso conhecer tudo o que é "Cinema" para o fazer?

No final do ano de 2007, tive o prazer de usufruir de algumas horas na companhia de um grande realizador, de seu nome, Kamran Shirdel. Quem lê o nome possivelmente pensará que até é um qualquer e insignificante realizador, mas na verdade é tão grande ou de maior qualidade moral que um tal compatriota de nome Abbas Kiarostami.

Kamran Shirdel, estudou arquitectura e urbanismo em Itália e lá concluiu os estudos em Cinema. Estudou com Bertolucci e aprendeu com Antonioni, só para citar alguns. É um realizador da dita "Vaga" Iraniana, não diz que é o primeiro, porque o primeiro é uma mulher, mas afirma que não é só Kiarostami.

Em amena conversa admite que nunca viu Oliveira, Pedro Costa e muito menos Mallick, Scorsese ou Michael Mann. Mas viveu em Itália, numa época de convulsões, sociais e desde logo artísticas... tal como o seu país ainda hoje vive.

Filma o que vive, numa espécie de cinema-verité adornado por um lado poético, sem se render ao estado opressor, o qual, vai contornando filmando em algumas horas antes que a polícia chegue. Não filma a favor do Estado Iraniano, filme o que quer.

No final, sem ver (apenas conhece o nome) de Oliveira, Pedro Costa, Scorsese, Malick e muitos por aí fora, "The Night It Rained" é na opinião de alguns um dos melhores documentários da História do Cinema.

Um dia recebeu um telefonema, do outro lado falaram-lhe em francês, era Jean Michel Frodon~, e nem esse Kamran Shirdel conhecia.

Afinal para fazer Cinema, não se tem que conhecer tudo o que é Cinema, basta viver.




terça-feira, 24 de junho de 2008

Mounsieur Honoré e não é Balzac

You said in a previous interview that French cinema has lost its sense of adolescence. What did you mean?
Christophe Honoré: I get irritated by the lesson-giving aspect of some French cinema, where you feel like it wants to teach the audience something—usually clichés and platitudes. What I like best about the Nouvelle Vague films are their roughness, their teenage arrogance. They’d go from one thing to another without getting bothered by too much formality. I like that sense of something being unfinished, of films that search for themselves as they go along.

But your own movies are formally sophisticated, with that fixed traveling shot on Ludivine Sagnier in Love Songs, for instance.
Honoré: It’s a reference to Cocteau’s Orphée as well as Umbrellas of Cherbourg, a traveling of people coming back from the land of the dead—or going there, as in Love Songs. I admire directors who make internally consistent films. A Bresson movie impresses me, and at the same time I’m completely unable to work that way. If I stage a sequence I’m pleased with, the next day I’ll take a completely different approach.

http://www.timeout.com/film/newyork/features/show-feature/4454/outtakes-with-christopher-honor-and-louis-garrel.html

Mais complexo do que parece.

sábado, 21 de junho de 2008

Umas pequenas considerações sobre "The Happening"


Shyamalan não é um intelectual, é possivelmente o mais ingénuo e sincero realizador/argumentista/produtor de Hollywood. A sua filmografia não é de Hollywood, mas também não será da "Europa".

"The Happening" é o seu filme mais universal, mais uma variação narrativa, das muitas que vem experimentando. A mais radical, talvez não seja, mas na sua complexidade é a mais intrigante.

O 11 de Setembro não é referido directamente, mas o medo é filmado sem ser visto. O terrorismo, o medo que se instala as incertezas que se levantam.


E sem ser um filme genial, é a prova que Shyamalan é um génio. Não existem CGI à George Lucas, Cameron ou Spielberg, e o suspense e o medo é filmado com uma câmara, uns quantos rolos de película, uma máquina de vento e personagens a correr.

Semiologicamente, cada imagem é ultra-complexa.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma pequena introdução...

Super35mm surge por vontade de partilhar. Por querer discutir cinema, seja ele moderno, pós-moderno, clássico ou académico.

Porquê?

Porque Cinema é sempre Cinema.